O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), confirmou que é pré-candidato à Presidência da República em 2026 e fez duras críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista à CBN Campinas na manhã desta quinta-feira (23), Caiado analisou os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, comentou a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), em Belém, e afirmou que o país precisa de uma liderança com “autoridade moral” para combater a corrupção e o avanço do crime organizado.
Pré-candidato à Presidência em 2026
Caiado afirmou que sua pré-candidatura representa um chamado da sociedade por ética e segurança.
“Sou pré-candidato em 2026 à Presidência da República. A sociedade brasileira clama por um combate à violência, às facções criminosas e quer um governante com autoridade moral para poder disputar uma presidência da república”.

O governador ressaltou que tem 40 anos de vida pública sem máculas e que sua trajetória o credencia ao cargo.
“Não as pessoas que estão envolvidas em tantos escândalos e que tiveram sua trajetória marcada pela corrupção, pela Petrobras, pelo assalto a aposentados. Isso tira a de sentar aquela cadeira que é de representar duzentos milhões de brasileiros”.
Críticas ao governo Lula e à política externa
O governador também avaliou o cenário internacional e criticou a postura do presidente Lula diante dos Estados Unidos. Segundo ele, o governo federal adota uma diplomacia que “cria tensões desnecessárias” e afasta o país de parceiros estratégicos.
“O presidente Lula não tem demonstrado vontade em buscar pacificação. Suas declarações têm sido muito ácidas em relação ao combate que os americanos fazem contra a invasão de drogas levadas pela Venezuela e pela Colômbia”,
disse.
Caiado criticou a postura do governo brasileiro diante da ditadura venezuelana, citando a líder opositora María Corina Machado, premiada internacionalmente por sua resistência ao regime de Nicolás Maduro.
“Ali houve atos mais truculentos, nos quais o governo venezuelano desrespeitou o resultado de uma eleição. Tanto é que o Prêmio Nobel da Paz foi concedido a María Corina, em reconhecimento à sua coragem de enfrentar aquela verdadeira ditadura e a instalação do que é amplamente conhecido como um verdadeiro narcoestado.”
Para ele, o Brasil precisa retomar a tradição diplomática de equilíbrio e cooperação.
“Todos nós torcemos para que se reative aquilo que sempre foi uma cultura de convivência pacífica, de harmonia e de expansão do mercado internacional. O Brasil deve se preocupar em avançar na sua capacidade de ocupar mercados, e não em um enfrentamento com um país que sempre foi parceiro.”
Tarifaço dos EUA: “Impacto controlado e medidas rápidas”
Caiado avaliou que o tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump gerou preocupação inicial, mas o impacto econômico foi contido graças à rápida reação do mercado e às medidas de apoio estadual.
“No primeiro momento, o sentimento era de que teria uma abrangência bem maior. Goiás é forte na pecuária de corte e na exportação de carnes, mas o mercado achou alternativas para colocar sua produção”,
explicou.
Ele citou dois setores goianos particularmente afetados: o açúcar orgânico, que tinha quase toda a produção destinada aos Estados Unidos, e o pescado, com perdas menores, mas relevantes.
“Açúcar orgânico é algo que realmente as usinas de Goiás desenvolveram. Essa prática tem um custo altíssimo, pois você não pode usar nenhum defensivo, não pode usar nenhum tipo de herbicida e, como tal, é tudo feito de forma manual. Então, esse mercado era quase que cem 100% destinado aos Estados Unidos. Esse foi um setor que foi penalizado. E o outro também, lógico, em menor proporção do que a região do Nordeste brasileiro, foi a parte de pescado, que é a tilápia, que também tinha uma produção substantiva no estado de Goiás.”
Como resposta, o governo estadual reativou fundos de equalização e crédito para aliviar o prejuízo das empresas.
“Esses dois setores, nós implantamos em Goiás aquilo que já havíamos feito à época da covid-19, e reinstalamos o nosso fundo de equalização — ou seja, um fundo para atender essas empresas com uma taxa de juros menor. Também levamos ao mercado o que chamamos de fundo creditório, que tinha como objetivo criar um fundo com taxa de juros de dez por cento ao ano, para que essas empresas pudessem ter acesso. Foram medidas adotadas para amenizar esse impacto, mas, como você disse, não houve uma extensão maior.”
Agronegócio e COP30: “O Brasil dá lição ao mundo”
Ao comentar a COP30, que será realizada em Belém (PA), Caiado disse que o encontro será uma oportunidade para o Brasil mostrar sua liderança ambiental e tecnológica no agronegócio.
“O setor rural vem passando por um momento muito difícil. Tivemos um aumento muito grande no custo de produção e, ao mesmo tempo, uma fixação do teto de preços que não é compatível com os insumos de que precisamos hoje para produzir. É real a queda de renda no setor rural. Somos as áreas mais produtivas do país e atingimos um patamar de mais de trezentos e quarenta milhões de toneladas”.
O governador rebateu críticas internacionais, sobretudo da União Europeia, que, segundo ele, tenta impor restrições comerciais ao produto brasileiro.
“Tudo isso, muitas vezes, sofre retaliações — principalmente da União Europeia — em forma de restrições aos nossos produtos, tentando rotular a agricultura brasileira como um setor que não tem sensibilidade ambiental. Pelo contrário. Eu era senador da República quando fizemos o Código Florestal, e podemos demonstrar que não existe nenhum outro continente no mundo que tenha tanto cuidado com o meio ambiente — com a preservação das suas matas ciliares e de suas reservas — como o Brasil”.
Caiado destacou que apenas 14% do território nacional é ocupado pela agricultura e que o país mantém áreas extensas de preservação.
“A COP 30 será uma oportunidade para que possamos, cada vez mais, desmistificar e mostrar que o Brasil é um país que preserva seus biomas. Os países que nos criticam já não têm mais nenhuma árvore primitiva — tudo lá são matas ou florestas plantadas. O Brasil, por sua vez, tem toda a capacidade de conciliar o meio ambiente com a produção nacional. Acho que esse é o ponto em que o Brasil tem dado uma verdadeira lição ao mundo: ele evolui na genética, na pesquisa e na capacidade produtiva. Essa é a grande realidade.”
Tensão entre Caiado e Ciro Nogueira: “Ele deve se restringir ao partido dele”
Questionado sobre o mal-estar com o senador Ciro Nogueira (PP), Caiado respondeu de forma direta e dura, reforçando sua independência política dentro do União Brasil.
“O Ciro Nogueira deveria se restringir a analisar o seu partido, que é o PP. Eu sou do União Brasil. A federação ainda não foi legitimada, existe apenas a pretensão de levá-la adiante. Mas as atitudes deselegantes de Ciro Nogueira precisaram de uma resposta à altura, para que ficasse claro que o União Brasil não está sob seu comando e que ele não tem ascendência sobre o nosso partido.”
O desentendimento entre o senador Ciro Nogueira e o governador teve início após Ciro afirmar que Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr. são os nomes mais “viáveis” para disputar a eleição de 2026, sem mencionar Caiado. O governador reagiu dizendo que Nogueira não é “porta-voz” do ex-presidente Jair Bolsonaro. Após visitar Bolsonaro, Ciro declarou que não tem nada contra Caiado, mas que “candidato tem que mostrar viabilidade” e que quem deve apoiar a candidatura é o povo.
Durante a entrevista desta quinta-feira, Caiado também disse que o União Brasil é uma sigla “maior e autônoma” e rebateu críticas sobre sua pré-candidatura.
“Querer, ao mesmo tempo, desconsiderar a importância da nossa campanha para a Presidência da República é um equívoco. Como eu disse: avalie hoje qual é o percentual de apoio que ele tem no seu estado e compare com o que eu tenho no meu estado, Goiás”,
provocou.
O governador aproveitou para citar indicadores de gestão e a aprovação de seu governo.
“Goiás hoje é o primeiro lugar em educação no Brasil, no IDEP, e também em segurança pública, longe do segundo lugar. Tem os maiores programas sociais, elevado nível de emancipação das pessoas em situação de pobreza e é o segundo estado em migração interna, atrás apenas de Santa Catarina. É nota 100 em transparência de gastos públicos, regionalizou a saúde e tem 88% de aprovação popular. Mostramos que estamos cumprindo o que a sociedade deseja de um governante, e tenho mais do que credenciais para ir ao debate.”
O Brasil não pode se transformar em um narcoestado
Encerrando a entrevista, Caiado reforçou o tom de alerta sobre a escalada da criminalidade e o avanço das facções no país, criticando a falta de enfrentamento por parte do governo federal.
“Hoje, não se pode admitir que o Brasil esteja se transformando em um narcoestado, com o avanço crescente da criminalidade e das facções, que invadem não apenas a vida de pessoas humildes, hoje sob a tutela do narcotráfico, mas também a de empresários, que sofrem coação. É visível a invasão do narcotráfico nas empresas privadas em nosso país.”
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