O bairro Cidade Universitária, situado no centro de Barão Geraldo, em Campinas, é um dos principais pontos de cultura e lazer do interior paulista. Inserido no ecossistema universitário e tecnológico que abriga a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a PUC-Campinas, o distrito é referência em inovação e conhecimento. Segundo o IBGE (2022), Barão Geraldo contava com cerca de 58 mil habitantes fixos, além de uma população flutuante de 20 mil estudantes, em um ambiente que oferece cultura, lazer, educação e infraestrutura.
Lazer
Na Cidade Universitária, destaca-se a Praça do Coco, oficialmente chamada de Praça Irmã Carmela Stecchi, que começou a ganhar notoriedade no início dos anos 2000, com Valdir do Santos, quando ele começou a vender água de coco em uma Kombi. Atualmente, segundo Vagner Bellini, comerciante da praça há 20 anos, a média de pessoas que frequentam a praça aos finais de semana varia de mil a 1.500 consumidores.
“Em 1999, Valdir dos Santos passou a estacionar uma Kombi e vender coco na praça. Muitos estudantes compravam. Aos poucos, ele obteve a licença, seu filho Vagner recebeu uma indenização e eles fizeram o projeto de um quiosque com o nome ‘Praça do Coco’. A Emdec e a subprefeita na época exigiram que eles fizessem contrapartidas para usar a praça. No caso, fizeram um parquinho com areia para as crianças, um palco e um banheiro”, comenta o historiador Warney Smith, autor do livro “Barão Geraldo – A luta pela autonomia”.
Cultura
Em 2002, iniciou-se uma feira de artesanato aos finais de semana, fortalecendo o local como ponto turístico. Além das apresentações de artistas da Unicamp, a Praça se consolidou como espaço de encontro dos blocos de Carnaval, como o Berra Vaca, Cupinzeiro, União Altaneira, Caixeirosas e Jeguegerso.
“A Praça do Coco conseguiu unir parte das duas metades de Barão: os baronenses mais antigos e os universitários. Os primeiros, mais conservadores e voltados às famílias, sempre foram levar seus filhos e achavam o local muito bom. Os segundos passaram a ver a praça como local de diversão, arte, paquera e curtição de qualidade”, destaca Warney.
Para Roberto Donato, morador da Cidade Universitária, a Praça do Coco representa um local de lazer para sua família. “Minha filha de 4 anos adora brincar no parquinho, então eu sempre vou lá aos finais de semana comer alguma coisa no quiosque e deixar ela brincar. Gosto muito do local, por ser tradicional”.
Além disso, Donato salienta como as feirinhas e eventos da Praça dão vida cultural à comunidade, sendo uma das partes mais importantes da região como um todo. O estudante de química da Unicamp, Gustavo Ferreira, de 24 anos, afirma que, quando se mudou para o bairro, a Praça se tornou parte da sua rotina, ainda mais em tempos de festa. “Em época de Carnaval, todas as pessoas se reúnem na praça para comemorar, é mágico encontrar vários amigos de outras cidades lá”, lembra.
Economia

Essa atmosfera festiva e comunitária também se manifesta em outras tradições, como a Festa do Boi Falô, que mistura fé, história e cultura popular, reunindo centenas de moradores em torno da famosa macarronada abençoada e das histórias que dão vida à lenda local. Para o organizador da celebração, Alexandre Alemão, “a festa é um símbolo da identidade baronense, uma forma de manter viva a memória e o espírito coletivo do bairro”.
A Cidade Universitária é descrita pelos moradores e comerciantes como um ambiente diferenciado do restante da cidade, com destaque à arte e a cultura. Para Vagner, “é um espaço democrático que inspira a sustentabilidade, fomenta a cultura e melhora a qualidade de vida e, para mim, gerou uma oportunidade econômica para minha família”, aponta.
Com o crescimento da Praça ao longo dos anos, o comércio ao redor foi se estruturando e expandindo cada vez mais. Matias Weier, dono da loja “Orgânicos do Matias” que comercializa alimentos orgânicos desde 2003, afirma que os moradores da região aderem bastante aos alimentos saudáveis que a Praça, além de seu comércio, oferece.

Infraestrutura
Essa efervescência cultural e econômica, no entanto, é apenas um dos reflexos de uma história muito mais ampla. O distrito de Barão Geraldo e a Cidade Universitária, além de serem um polo universitário e cultural, possuem uma trajetória marcada pela urbanização.
Segundo Warney Smith, no início do século XX, a região rural era formada por várias fazendas privadas, sem núcleo urbano. O nome “Barão Geraldo” apareceu em 1908, quando a estação ferroviária Santa Genebra foi rebatizada com esse nome após a morte de Geraldo de Rezende, fazendeiro e político que havia recebido o título de barão de Dom Pedro II. “O nome do local, portanto, não é uma homenagem direta ao barão, mas uma consequência do nome da estação, que se tornou ponto de referência para a pequena vila que começou a se formar em torno dela”, esclarece.

Com o passar das décadas, o local cresceu e se estruturou, até que um novo marco transformou definitivamente o bairro: a Unicamp. O início dos anos 1960 marcou uma virada na história com a proposta do governador Adhemar de Barros de criar uma universidade pública, redefinindo o bairro em diferentes aspectos e trazendo mudanças que podem ser sentidas até hoje.
Para o estudante Gustavo, a Cidade Universitária é um bairro em constante movimento, marcado pela presença universitária. Entre discussões políticas, peças de teatro, exposições, esportes e festas, a região carrega um ar permanente de juventude. “A gente nunca sabe o que encontrar: pode ser um grupo de estudantes ainda pintados depois de uma festa ou um grupo de pesquisadores estrangeiros que vieram para um congresso importante”, brinca.
Apesar das transformações ao longo do tempo, o bairro segue preservando o espírito comunitário que o caracteriza. A história que começou nas antigas fazendas e ganhou força com a chegada da Unicamp hoje se reflete nas ruas, nas praças e nas pessoas que dão vida ao centro do distrito.
Mais do que um polo acadêmico e tecnológico, o local é um retrato da diversidade campineira, um lugar onde convivem estudantes, artistas, pesquisadores e moradores que fazem da região um espaço de encontro, cultura e pertencimento.

Vozes da Nossa Gente Campinas
O projeto multimídia “Vozes da Nossa Gente Campinas” é um projeto multimídia de conteúdo, desenvolvido pela redação do acidade on e pela Faculdade de Jornalismo e curso de Mídias Digitais da PUC-Campinas. A parceria de jornalismo hiperlocal contará a história de dez bairros da metrópole em reportagens, imagens e vídeos.
Esta matéria foi feita pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas: Ana Ornelas, Letícia Meneghel, Mariana Dadamo, Sophia Miranda e Vitória Régia, para o componente de Projeto Integrador VIII, sob supervisão da professora Maria Lúcia e edição de Leandro Las Casas.
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Praça do Coco, Festa do Boi Falô e o clima universitário revelam a essência cultural e comunitária do bairro campineiro
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