Bangu do DIC I une gerações e faz do futebol um símbolo de pertencimento

 

No distrito do Ouro Verde, em Campinas, o time de futebol amador Bangu é símbolo de união, memória e resistência. Criado há cerca de dez anos, nasceu do esforço de moradores que queriam pertencimento. Hoje, o time representa a voz de um bairro que aprendeu a crescer coletivamente, mesmo diante das dificuldades.

Origem do Bangu no DIC I

O Bangu surgiu a partir de um grupo de moradores vindos do Rio de Janeiro. O nome original era “Preto, Branco e Vermelho”, em referência às cores do time carioca. Com o tempo, o grupo de cariocas foi se desfazendo, e os campineiros assumiram o comando do time. Em 2010, foi registrado oficialmente na Prefeitura de Campinas, consolidando sua presença no cenário local. Essa ação foi registrada na mudança das cores do time para preto e branco, influenciada pela Ponte Preta, um dos clubes mais tradicionais da cidade.

Desde então, o Bangu se transformou em um símbolo do orgulho e da resistência comunitária do DIC I. Aos domingos, o campo da Praça do Bangu recebe famílias, crianças e torcedores que fazem da arquibancada um ponto de encontro e celebração.

Ponto de encontro da comunidade

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 Completando dez anos, o time Bangu do DIC I, tornou-se um ponto de encontro da comunidade (foto: Taís Regina)

Para Richard Maia, 35 anos, técnico e diretor, o Bangu é uma extensão da história do DIC I. “Moro aqui há cerca de 25 anos e estou na diretoria há oito. Nosso time completa dez anos agora e tem uma relação muito boa com o bairro. Aos domingos, a maioria da população vem ver os jogos. O Bangu virou um ponto de encontro da comunidade”, relata.

Richard explica que o time é composto por jogadores do bairro e de outras regiões, mas a diretoria e a comissão técnica são formadas inteiramente por moradores locais.

“A maior dificuldade é o lado financeiro. Quase tudo sai do bolso da diretoria e da comissão. Hoje, no futebol amador, quem tem mais recursos consegue formar equipes mais fortes. Mesmo assim, o amor pelo Bangu fala mais alto”, conta Richard.

Entre as conquistas, o técnico destaca o título da categoria veterano, uma modalidade recente que trouxe novas vitórias. “Foi marcante, porque mostra o quanto o Bangu segue crescendo e se fortalecendo”, celebra.

O sonho de conquistar a elite do amador campineiro

Participando ativamente do Campeonato Municipal Série Ouro há quase cinco anos, o Bangu tem como objetivo levantar o troféu. “Nosso maior desafio é conquistar o campeonato. Estamos na elite do futebol amador de Campinas, e queremos trazer esse título para a torcida. O Bangu merece”, diz Richard.

O técnico também tem planos para o futuro. “Queremos criar categorias de base e trabalhar com crianças. Já temos o amador e o veterano, e o próximo passo é investir em projetos sociais. O Bangu é favela, é família, é superação”.

Como o Bangu representa o bairro

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O Jogador Zezinho exibe, com orgulho, a tatuagem do Bangu. Ele está ao lado do técnico e diretor do time, Richard Maia, que mostra o escudo do time (foto: Taís Regina).

Para os jogadores, vestir a camisa do Bangu é um ato de orgulho. José Pedro de Carvalho Júnior, o Juninho, centroavante da equipe, resume o sentimento:

“Vestir a camisa do Bangu significa tudo: sentimento, amizade e união. Quando chega o domingo e eu coloco o manto alvinegro, me sinto privilegiado. Represento minha quebrada e meus amigos. A gente joga pra deixar o bairro feliz”.

Juninho se recorda com emoção da final da Série Prata, no estádio Moisés Lucarelli. “Foi marcante. Muitos jogaram pela primeira vez em um estádio profissional. O título escapou, mas o orgulho ficou. Isso fortaleceu ainda mais o grupo”, afirma.

Outro atleta, Antônio Carlos, o Zezinho de 30 anos, também carrega a história do time no coração. “Vestir essa camisa é representar o lugar onde nasci, estudei e cresci. Tenho três momentos especiais: o 3×3 contra o Cafezinho, o gol que deu a classificação contra a VP e os dois gols contra o Flamenguinho, fora de casa. Ganhar aquele jogo por 2×1 foi inesquecível”.

A torcida do Bangu

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Aos 64 anos, Vilmar Fernandes, dono do quiosque na quadra do Bangu, não perde um domingo de jogo: está sempre na torcida pelo time (foto: Taís Regina).

Se dentro de campo o Bangu se destaca, fora dele a força vem da torcida. Vilmar Fernandes, 63 anos, é mecânico aposentado e morador do DIC I há 40 anos, é parte da diretoria e da torcida organizada. Ele também cuida do quiosque da praça onde acontecem os jogos.

“O Bangu tá na primeira divisão do amador de Campinas há oito anos. A importância dele pro bairro é muita coisa, porque todo mundo conhece. Campinas inteira conhece o Bangu. É o time com a maior torcida da região”, conta.

Vilmar explica: “Aqui é o ponto de encontro. As famílias vêm, trazem as crianças, a gente conversa, torce, comemora. O Bangu é convivência. É a alma do DIC I”.

A força feminina na torcida organizada

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Renata Maia, uma das fundadoras da torcida organizada feminina do Bangu, acompanha os jogos ao lado da neta e dos familiares dos jogadores, fortalecendo a presença das mulheres nas arquibancadas (foto: Taís Regina)

Entre os torcedores, as mulheres também têm espaço. A torcida organizada feminina do Bangu, criada há 10 anos, é considerada uma das pioneiras em Campinas. Renata Maia, 62 anos, é uma das fundadoras e acompanha todos os jogos com a neta.

“O Bangu é prioridade pra gente do bairro. Distrai, alegra e aproxima as famílias. A torcida não tem bagunça, tem disciplina. Somos mulheres e familiares dos jogadores. Antes das partidas, fazemos reuniões e nos organizamos. Nosso time foi o primeiro de Campinas a ter uma torcida feminina no campo”, destaca.

Para ela, o segredo de tanta paixão do bairro pelo time está na união. “A gente torce junto, comemora junto e, quando perde, apoia. O Bangu é a nossa casa fora de casa.”

Bangu: do DIC I para o DIC I

Além de esporte, para Emilene Ferreira, 43 anos, professora e ex-moradora do DIC I, o Bangu é um projeto social. Ela vê no time uma ferramenta de transformação: “O Bangu tem um papel social, sim. Ele traz entretenimento, aproxima as pessoas e ajuda a afastar os jovens da violência. É um lazer que faz bem pro corpo e pra alma”.

O presidente Renato reforça que tudo foi conquistado com esforço coletivo: “Tudo o que temos aqui: campo, vestiário, uniforme, foi feito por nós, moradores. Não teve apoio da Prefeitura, nem de vereadores. Corremos atrás de tudo. Nosso sonho é disputar a Taça das Favelas e mostrar o valor do Bangu”.

Um símbolo que resiste

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 Torcedores vestem o tradicional uniforme preto e branco do Bangu, time vencedor da partida realizada em 28 de setembro, no DIC I (foto: Taís Regina).

No DIC I, cada jogo do Bangu é mais do que uma partida. É um ato de resistência e orgulho entre os moradores. Entre sambas, torcidas e memórias, o time segue carregando nas chuteiras o peso da história e nas arquibancadas a esperança de um bairro inteiro.

O Bangu não é apenas um time de futebol. É o reflexo da comunidade que o criou e que segue unida, fazendo dele o coração pulsante do DIC I.

Vozes da Nossa Gente Campinas

O projeto multimídia “Vozes da Nossa Gente Campinas” é um projeto multimídia de conteúdo, desenvolvido pela redação do acidade on e pela Faculdade de Jornalismo e curso de Mídias Digitais da PUC-Campinas. A parceria de jornalismo hiperlocal contará a história de dez bairros da metrópole em reportagens, imagens e vídeos

Esta matéria foi feita pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas: Rita de Cássia de Lima Miguel, Natália Rodriguez Costa, Tais Regina e Gabriella Alves de Oliveira, para o componente de Projeto Integrador VIII, sob supervisão da professora Amanda Artioli e edição de Leandro Las Casas.

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​Com torcidas organizadas e histórias de gerações, time de futebol é orgulho do bairro e retrata força comunitária
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